COMUNIDADE - 31/03/2011
Casa do Estudante será desocupada até 27 de abril
Alunos propõem que Decanato de Assuntos Comunitários alugue um prédio para garantir convivência propiciada na CEU
Terminou sem acordo negociação entre os estudantes e o Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) para desocupação da Casa do Estudante para reforma. A data limite para saída dos alunos é 27 de abril, mas os estudantes afirmam que não deixarão o espaço. Eles argumentam que pretendem manter "o mínimo de organização do movimento e convivência" e, para isso, pediram o aluguel de um bloco, localizado nas quadras 200 ou 400 da Asa Norte, para que todos permaneçam juntos. "Esse é o nosso plano B", disse Bruno Couto, estudante de Serviço Social.
Eduardo Raupp, decano de Assuntos Comunitários, explicou que não há disponível no mercado imobiliário um prédio vazio, pronto para ser alugado. "O mercado não oferece isso. Ao mesmo tempo, todos os imóveis da UnB estão alugados. Atualmente há uma fila de 260 pessoas aguardando um apartamento funcional. Na Colina, essa espera é de 530 pessoas", disse. A saída dos alunos depende de adesão à proposta da Administração de moradias fora do campus e pagamento de auxílio no valor de R$ 510.
A primeira alternativa proposta pelos estudantes é que os dois blocos da CEU sejam reformados um de cada vez. "Nosso plano é permanecer em um deles até o fim da reforma", disse Danilo dos Santos Aquino, estudante do 5º semestre de Artes Visuais. Na última reunião da administração com os estudantes, em 23 de março, Alberto de Faria, diretor do Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan), explicou que a permanência em um dos blocos não é possível. “Se formos fazer a reforma de um bloco de cada vez teremos mais gastos, pois será preciso fazer dois contratos e pagar duas vezes a taxa de lucro da empreiteira”, explicou, na ocasião.
A permanência dos alunos também prolongaria o prazo de conclusão para entrega dos blocos reformados, previstos para junho de 2012. Na reunião desta quarta-feira, os alunos afirmaram que querem um laudo técnico assinado pela empreteira responsável pela obra. "Se após a licitacão a empresa selecionada deixar claro que não é possivel fazer dessa forma, tudo bem", disse Bruno. Rafael Moraes, assessor da Juventude, lembrou aos estudantes que a ideia de desocupar apenas um bloco foi apresentada aos estudantes no início das negociaçoes, mas foi negada. "Houve essa hipótese, e ela não foi aceita", disse.
PROXIMIDADE – Além de garantir a convivência, o aluguel de apartamentos nas quadras 200 e 400 da Asa Norte é defendido pelos estudantes por causa da proximidade com a UnB. Segundo o grupo presente à reunião, alunos que já deixaram a CEU e foram morar em locais distantes do campus Darcy Ribeiro têm sofrido desgastes como engarrafamentos e até casos de violência, como assaltos. "Tem pessoas que foram morar em Planaltina e estão em uma situação ruim. Ficar próximo da UnB garante que vamos passar menos tempo em um ônibus, que não pegaremos trânsito, o que pode levar a atrasos nas aulas", disse Bruno.
Eles também querem imóveis com 25 metros quadrados por estudante. Eduardo Raupp explicou que não existem apartamentos com 100 metros quadrados nas quadras 200 e 400. "Não conseguiremos achar um imóvel com essas especificações e que custem menos do que quatro auxílios-moradia", disse.
A pedido dos estudantes, o Decanato apresentou uma lista com imóveis que, além de estarem disponíveis para locação, possuem valores compatíveis com os do auxílio-moradia. São 13 apartamentos de dois quartos, localizados na Asa Norte, com valor médio de R$ 1.658 e 11 apartamentos de dois quartos na Asa Sul ao custo médio de R$ 1.497. Há tambem opção de um quarto: 12 moradias na Asa Norte por cerca de R$ 832 e três na Asa Sul ao custo médio de R$ 932. A ideia e que os alunos dividam os imóveis e a UnB seja responsável pelo contrato de aluguel.
Os alunos também pediram a garantia de pagamento do auxílio, caso a reforma dure mais de um ano, proposta aceita pelo decano. Eduardo Raupp também assegurou o pagamento do auxílio-moradia para estudantes dos outros campi enquanto houver a reforma. Haverá também a compra de alguns itens de mobília, como fogão e geladeira, para alguns apartamentos. Os alunos também pediram acesso aos laboratorios de informática por 24h. O decano afirmou que vai verificar a disponibilidade do serviço, mas que, garante o uso das 8h às 22h.
No fim da reunião, o clima entre os membros da Administracão e os alunos era de tensão. Foram quase quatro horas de debate. O decano de Assuntos Comunitários disse que, pela primeira vez durante as negociações, os estudantes haviam deixado claro que não estavam dispostos a negociar. "Sempre respeitamos o movimento dos que querem ficar, mas não acredito que essa posição reflita a de todos os estudantes. O prazo é 27 de abril, mas continuamos dispostos a negociar", afirmou.
O assessor da Juventude afirmou que os estudantes deixaram claro que não estão dispostos a sair, independentemente da disposicão da Administração. Em contrapartida, os estudantes alegaram que não estavam agindo de "má-fé" e que, de acordo com os planos da Administração, a universidade não proporcionaria as garantias básicas necessárias à desocupacão. "A negociação não vai adiantar em nada para gente", completou Bruno.
Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.
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