sexta-feira, 10 de junho de 2011

UnB Agência, 09/06/2011: Mesa de negociações com moradores da CEU será retomada

 

UnB Agência

 
COMUNIDADE - 09/06/2011
 
 
Saulo Tomé/UnB Agência
 
Mesa de negociações com moradores da CEU será retomada
Reinício do diálogo para resolver o impasse da transferência de alunos foi acertado em audiência pública. Alunos reforçaram reivindicações e contaram as dificuldades vividas na transição

Hugo Costa - Da Secretaria de Comunicação da UnB

 
Terminou em acordo a audiência pública sobre a desocupação da Casa do Estudante. Após debates acalorados, ficou definida a retomada da mesa de negociações com os ocupantes remanescentes da CEU. Na reunião com o reitor José Geraldo de Sousa Junior, moradores e ex-moradores da casa relataram sua discordância da condução dos trabalhos para desocupar apartamentos. “Houve coação a estudantes”, afirmou Paula Teixeira, formada em Letras Português e residente irregular do local. O decano de Assuntos Comunitários, Eduardo Raupp, leu os pontos exigidos em carta pelo movimento Fica CEU e disse que dois dos nove itens não podem ser atendidos: a reforma alternada dos prédios, em função do prazo para aplicar os recursos, e a transferência ou afastamento de funcionários. “Não admitimos interferência nesse aspecto. Essa é uma prerrogativa da administração”, disse.

Mesmo com as divergências, decidiu-se que, a partir da próxima quarta-feira, o diálogo entre as partes será retomado na mesa de negociação, interrompida em abril por decisão dos estudantes. A Reitoria concordou em suspender os trabalhos de retirada de materiais da CEU e garantir aos ocupantes condições adequadas de moradia até o fim das negociações.
De acordo com dados apresentados pelo decano, 23 pessoas seguem na residência estudantil, que passará por reformas estruturais no segundo semestre. Dez delas estão regularmente inscritas nos programas de moradia da universidade. Dos remanescentes, apenas o aluno de Filosofia David Wilkerson Almeida não fez opção pelas alternativas oferecidas pelo decanato: o recebimento de um auxílio mensal de R$ 510 ou a mudança para apartamentos a serem locados pela Fundação Universidade de Brasília (FUB). “Não vou sair do Bloco A”, disse o aluno, após reivindicar a reforma de um bloco por vez. Ele foi um dos dois alunos presos na última sexta-feira, após ter ateado fogo em um contêiner nas imediações da CEU (leia aqui). “Foi uma atitude impulsiva”, afirmou. “Fizemos aquilo como protesto”. De acordo com o estudante, o ato foi motivado pelo barulho da retirada de materiais dos apartamentos feita por funcionários da universidade no inicio da manhã.
Durante a audiência, alguns alunos queixaram-se ser vítimas de pressões para desocupar a CEU. “Todos estamos muito estressados e abalados psicologicamente”, disse Graziele Antunes, estudante do Instituto de Artes. Ela contou que machucou o braço durante a remoção de materiais da casa. “Peço que haja apuração de tudo o que está ocorrendo no processo de desocupação”. Outros depoimentos reclamaram da conduta dos seguranças e da abordagem de assistentes sociais que teriam pressionado os estudantes a deixar a residência.
 
O Diretório Central dos Estudantes distribuiu carta com o posicionamento do movimento estudantil sobre o caso (leia aqui). O documento traz um histórico das discussões que envolvem a reforma da CEU. O texto ressalta os prejuízos dos alunos no impasse e propõe medidas como a permissão do trancamento de disciplinas, a concessão de abonos de faltas dos moradores e a definição imediata para os prazos das obras de reforma e de construção de prédios.
 
DIREITOS – A audiência foi acompanhada pelo defensor público federal Ricardo Salviano. Após ouvir parte das discussões, sugeriu a união dos envolvidos para que haja consenso. “Percebo que a administração falhou em alguns pontos e os alunos excederam-se em outros”, disse. “Esses encontros não podem ser apenas para críticas, mas também precisam ser propositivos”. Ele falou da necessidade de resguardar moradias adequadas para os estudantes e pediu que todas as alegações fossem avaliadas pela Reitoria. Para ele, é indispensável que se chegue a um acordo para que a reforma seja realizada logo. "Não se pode perder o dinheiro alocado no orçamento do governo federal para a reforma, pois isso prejudicaria centenas de estudantes". 
 
O reitor José Geraldo de Sousa Junior disse que “as condições de deterioração da Casa do Estudante são conhecidas e históricas”. Ele pediu para que as discussões sejam “desconflitadas” e as partes negociem para uma solução comum. “O pior que pode acontecer é perdermos a capacidade de interlocução”, afirmou.
 
O decano de Assuntos Comunitários confirmou que três apartamentos já foram alugados pela UnB para receber os estudantes. Eduardo Raupp disse que também vai tentar negociar com o GDF uma solução para o problema dos moradores irregulares da CEU. “Partilhamos de um ponto comum que é querer a reforma”, disse. “Nesse ambiente de instabilidade, os maiores prejudicados são os estudantes”. Ele acredita que a interrupção das negociações por parte dos moradores da CEU ajudou a criar um clima de tensão e desinformação.
 
Raupp também informou que os moradores da CEU que quiserem trancar o semestre devem encainhar o pedido à Secretaria de Administração Acadêmica (SAA), com a justificativa sobre o processo de reforma e desocupação.
 
Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.

 

UnB Agência

 
COMUNIDADE - 09/06/2011
 
 
Saulo Tomé/UnB Agência
 
Mesa de negociações com moradores da CEU será retomada
Reinício do diálogo para resolver o impasse da transferência de alunos foi acertado em audiência pública. Alunos reforçaram reivindicações e contaram as dificuldades vividas na transição

Hugo Costa - Da Secretaria de Comunicação da UnB

 
Terminou em acordo a audiência pública sobre a desocupação da Casa do Estudante. Após debates acalorados, ficou definida a retomada da mesa de negociações com os ocupantes remanescentes da CEU. Na reunião com o reitor José Geraldo de Sousa Junior, moradores e ex-moradores da casa relataram sua discordância da condução dos trabalhos para desocupar apartamentos. “Houve coação a estudantes”, afirmou Paula Teixeira, formada em Letras Português e residente irregular do local. O decano de Assuntos Comunitários, Eduardo Raupp, leu os pontos exigidos em carta pelo movimento Fica CEU e disse que dois dos nove itens não podem ser atendidos: a reforma alternada dos prédios, em função do prazo para aplicar os recursos, e a transferência ou afastamento de funcionários. “Não admitimos interferência nesse aspecto. Essa é uma prerrogativa da administração”, disse.

Mesmo com as divergências, decidiu-se que, a partir da próxima quarta-feira, o diálogo entre as partes será retomado na mesa de negociação, interrompida em abril por decisão dos estudantes. A Reitoria concordou em suspender os trabalhos de retirada de materiais da CEU e garantir aos ocupantes condições adequadas de moradia até o fim das negociações.
De acordo com dados apresentados pelo decano, 23 pessoas seguem na residência estudantil, que passará por reformas estruturais no segundo semestre. Dez delas estão regularmente inscritas nos programas de moradia da universidade. Dos remanescentes, apenas o aluno de Filosofia David Wilkerson Almeida não fez opção pelas alternativas oferecidas pelo decanato: o recebimento de um auxílio mensal de R$ 510 ou a mudança para apartamentos a serem locados pela Fundação Universidade de Brasília (FUB). “Não vou sair do Bloco A”, disse o aluno, após reivindicar a reforma de um bloco por vez. Ele foi um dos dois alunos presos na última sexta-feira, após ter ateado fogo em um contêiner nas imediações da CEU (leia aqui). “Foi uma atitude impulsiva”, afirmou. “Fizemos aquilo como protesto”. De acordo com o estudante, o ato foi motivado pelo barulho da retirada de materiais dos apartamentos feita por funcionários da universidade no inicio da manhã.
Durante a audiência, alguns alunos queixaram-se ser vítimas de pressões para desocupar a CEU. “Todos estamos muito estressados e abalados psicologicamente”, disse Graziele Antunes, estudante do Instituto de Artes. Ela contou que machucou o braço durante a remoção de materiais da casa. “Peço que haja apuração de tudo o que está ocorrendo no processo de desocupação”. Outros depoimentos reclamaram da conduta dos seguranças e da abordagem de assistentes sociais que teriam pressionado os estudantes a deixar a residência.
 
O Diretório Central dos Estudantes distribuiu carta com o posicionamento do movimento estudantil sobre o caso (leia aqui). O documento traz um histórico das discussões que envolvem a reforma da CEU. O texto ressalta os prejuízos dos alunos no impasse e propõe medidas como a permissão do trancamento de disciplinas, a concessão de abonos de faltas dos moradores e a definição imediata para os prazos das obras de reforma e de construção de prédios.
 
DIREITOS – A audiência foi acompanhada pelo defensor público federal Ricardo Salviano. Após ouvir parte das discussões, sugeriu a união dos envolvidos para que haja consenso. “Percebo que a administração falhou em alguns pontos e os alunos excederam-se em outros”, disse. “Esses encontros não podem ser apenas para críticas, mas também precisam ser propositivos”. Ele falou da necessidade de resguardar moradias adequadas para os estudantes e pediu que todas as alegações fossem avaliadas pela Reitoria. Para ele, é indispensável que se chegue a um acordo para que a reforma seja realizada logo. "Não se pode perder o dinheiro alocado no orçamento do governo federal para a reforma, pois isso prejudicaria centenas de estudantes". 
 
O reitor José Geraldo de Sousa Junior disse que “as condições de deterioração da Casa do Estudante são conhecidas e históricas”. Ele pediu para que as discussões sejam “desconflitadas” e as partes negociem para uma solução comum. “O pior que pode acontecer é perdermos a capacidade de interlocução”, afirmou.
 
O decano de Assuntos Comunitários confirmou que três apartamentos já foram alugados pela UnB para receber os estudantes. Eduardo Raupp disse que também vai tentar negociar com o GDF uma solução para o problema dos moradores irregulares da CEU. “Partilhamos de um ponto comum que é querer a reforma”, disse. “Nesse ambiente de instabilidade, os maiores prejudicados são os estudantes”. Ele acredita que a interrupção das negociações por parte dos moradores da CEU ajudou a criar um clima de tensão e desinformação.
 
Raupp também informou que os moradores da CEU que quiserem trancar o semestre devem encainhar o pedido à Secretaria de Administração Acadêmica (SAA), com a justificativa sobre o processo de reforma e desocupação.
 
Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência. 

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