sexta-feira, 10 de junho de 2011

Educacionista e Correio Brasiliense, 07/06/2011: Agressão na reitoria da UnB

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Agressão na reitoria da UnBPDFImprimirE-mail
07-JUN-2011

Depois da prisão de dois graduandos na sexta-feira, ontem o prefeito do câmpus foi atingido por um soco durante confusão com alunos. O motivo é uma suposta pressão da universidade para que eles desocupem a Casa do Estudante
» Ana Pompeu -  CORREIO BRAZILIENSE
O clima das negociações em torno da reforma da Casa do Estudante Universitário (CEU) se acirrou entre os estudantes e a administração da Universidade de Brasília (UnB). O prefeito do câmpus, Paulo César Marques, chegou a ser agredido durante uma confusão com os alunos na entrada do gabinete do reitor. E um graduando passou mal e foi levado ao hospital. A reunião marcada para a tarde de ontem a fim de debater os próximos passos da negociação foi cancelada e transferida para quinta-feira.
A desocupação da CEU tem sido motivo de conflitos entre a administração da UnB e os estudantes desde que foi anunciada. O prazo para a saída dos moradores da CEU venceu em 27 de abril. Na manhã da última sexta-feira, dois alunos foram presos e levados para a 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), acusados de incendiar um contêiner de lixo instalado perto da CEU, além de desacatar e ameaçar servidores públicos da UnB (veja entenda o caso).
Em assembleia com o decano de Assuntos Comunitários, Eduardo Raupp, e a diretora de Desenvolvimento Social, Maria Terezinha Silva, cerca de 30 alunos, apoiadores do movimento de resistência denominado Fica CEU, leram uma carta aberta com os pontos de reivindicação do grupo. O calouro de economia Heitor Claro da Silva, 24 anos, pediu a fala e, no meio de seu relato sobre a situação vivenciada, desmaiou. Epiléptico, ele é um dos dois alunos que foram detidos na tarde da última sexta-feira.
Os estudantes, com ânimos exaltados, dirigiram-se para o prédio da Reitoria com tambores e palavras de ordem. A intenção era falar com o reitor, José Geraldo de Sousa Junior, que não compareceu à reunião. A segurança do câmpus foi acionada e impedir que os estudantes invadissem o gabinete do reitor. Nesse momento, Paulo César Marques sentiu um soco na nuca e perdeu os óculos, que foram arremessados para frente - mas recuperados em seguida. Apenas quando todos se acalmaram foi possível restabelecer uma conversa para definir os próximos encontros.
"A situação chegou a esse ponto porque todos os espaços de negociação que nós tentamos não foram suficientes para suprir a demanda de alguns alunos. Existe um grau de resistência forte motivado por um núcleo de pessoas que não têm direito de morar na casa e estão em situação irregular", afirma o prefeito. Segundo ele, apenas cinco dos estudantes presentes ainda estão na CEU. Ao todo, a Casa do Estudante ainda abriga 14 alunos em condição regular com o Decanato de Assuntos Comunitários (DAC). A administração estima, entretanto, que existam outros 12 sem vínculo com a universidade ou sem o direito ao auxílio-moradia.
O estudante de artes plásticas e ainda morador da CEU Fábio de Oliveira, afirma, entretanto, que as opções oferecidas pela reitoria não foram satisfatórias. Ele é um dos 20 estudantes que estão acampados na reitoria desde sexta-feira em forma de protesto. "O clima foi esquentando. As alternativas chegam a ser imorais", enfatiza. Na opinião da também graduanda de artes plásticas Maria Eugênia Matricardi, a ocupação tem surtido efeito positivo. "Graças a esse movimento, a ação do Heitor e do David (Silva Almeida) foi considerada com viés político, e não criminal", exemplifica. Segundo ela, a pressão deve continuar porque "dada a gravidade da situação, o reitor, como autoridade máxima da instituição, deveria intervir".
Exigências
Alguns dos principais pontos do documento lido pelos alunos durante a assembleia pedem o afastamento ou a transferência dos servidores acusados pelos estudantes de atuar com violência no episódio da confusão de sexta-feira; abertura de mesa de negociações diretas com o reitor; publicação de vídeos e fotos que denunciem a suposta violência sofrida pelos estudantes durante a desocupação da CEU na Agência de Notícias da UnB, dentre outras.
De acordo com o decano Eduardo Raupp, há denúncias de abuso e violência dos dois lados e um procedimento administrativo será aberto para apurar o ocorrido. Ele, porém, denuncia irregularidades no uso da CEU. "O problema tem sido esses moradores que estão em situação irregular. Tem gente com mais de dois anos de formado que permanece na CEU. Estamos entrando em contato com o Governo do Distrito Federal para ver onde eles podem ser acolhidos", afirma.
"A situação chegou a esse ponto porque todos os espaços de negociação que nós tentamos não foram suficientes para suprir a demanda de alguns alunos. Existe um grau de resistência forte motivado por um núcleo de pessoas que não têm direito de morar na casa e estão em situação irregular"
Paulo César Marques, prefeito do câmpus
Tensão na desocupação
O calouro de economia Heitor Claro da Silva, 24 anos, e o graduando de filosofia David Silva Almeida, 23, foram presos e levados à 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), na manhã da última sexta-feira, depois que um contêiner de lixo da Casa do Estudante Universitário (CEU) foi incendiado. Além disso, eles teriam desacatado e ameaçado servidores públicos da UnB.
A confusão começou quando os funcionários da universidade estavam desmontando alguns dos apartamentos da CEU, retirando louças e esquadrias. Os estudantes alegam que a ação é uma forma de pressioná-los a deixar logo o lugar. Transferidos para a Delegacia de Polícia Especializada na tarde de sábado, Heitor e David foram libertados na noite do mesmo dia, depois que a 12ª Vara do Juizado Especial do Tribunal de Justiça do DF e Territórios concedeu o alvará de soltura.
O que tem motivado o conflito, segundo os estudantes, são as alternativas oferecidas pela UnB para abrigar e custear transporte e alimentação desses alunos durante as obras. Em outubro de 2010, a universidade se comprometeu a pagar auxílio-moradia mensal de R$ 510 para cada residente, valor considerado baixo para manter a sobrevivência dos alunos. Uma segunda opção oferecida foi a mudança para apartamentos alugados pela universidade, por meio da Fundação Universidade de Brasília (FUB). A previsão inicial é de que a reforma dos 92 apartamentos, estimada R$ 7 milhões, seja concluída em junho de 2012.

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